FEBEAPÁ, O FESTIVAL DE BESTEIRA QUE ASSOLA O PAÍS

JC Berka

Em 1966, estudando no Colégio Catarinense, em Florianópolis, tomei contato com Stanislaw Ponte Preta, heterônimo de Sérgio Porto. Em plena adolescência, me apaixonei pelas crônicas satírico-irônicas que com maestria criou personagens inolvidáveis: Tia Zulmira, Meu primo Altamirando, Rosamundo e outros.

Em seu primeiro livro Febeapá (são três), foca com maestria personagens da política, militares, policiais, desnudando rústicos, boçais, hilários, caricatos, usando o humor fino e refinado para a crítica social em tempos bicudos.

Influenciados pelo brilhantismo do autor, muitos jovens iniciaram-se nas Letras, adotando o estilo da Crônica.

Hoje, certamente a verve de Sérgio Porto contaria com material abundante, visto estarmos vivendo um tempo surreal. Boçais e ignaros, muitos deles fugidos dos bancos escolares, ou analfabetos funcionais, pontificam em meios de comunicação de segunda linha, em blogs, Youtube e redes sociais. Por outro lado, o estamento político representando uma população carente, sem educação, em pleno processo de destruição de valores e civilidade, tem produzido figuras que certamente o autor usaria como matéria prima para sua criação literária.

Além disso, a classe jornalística, como toda a sociedade brasileira, não foi infensa ao processo de desconstrução da Brasilidade. Em seu meio pululam mercenários de distintos naipes, verdadeiras “bocas de aluguel”, isentos de escrúpulos, que mendigando migalhas, alugam-se para políticos inescrupulosos, empresários salafrários, bicheiros, traficantes, doleiros, e também para agentes da Lei renegados e interesses internacionais espúrios.

Além de estarmos enfrentando a praga das fake News, nós, usuários das redes sociais, nos deparamos com um ativismo digital que beira às raias da insanidade total, muitas vezes com viés criminoso. Qualquer idiota, sem expressão, desajustado socialmente, deficiente emocionalmente, com um celular na mão, transforma-se num youtuber, analista político de araque, mero fofoqueiro, quando não propalador de calúnias.
Vejamos: em setembro passado o General de Exército Maynard Marques de Santa Rosa, da reserva, postou um texto de sua lavra, que foi amplamente divulgado e compartilhado, sendo, inclusive, postado no site do CECONSEX – Centro de Comunicação de Exército, sob o título ESQUIZOFRENIA SOCIAL. Nele, o autor, aborda com propriedade e exercendo o Direito de Livre Expressão, sem ofensas, sem defesa de atividades ilegais/ilícitas, radicalismo ou sectarismo, o caos patrocinado por liberticidas e defensores de ideologia destruidora dos valores próprios de nossa sociedade. Aponta como um marco desestabilizador da harmonia entre os poderes da República, os equívocos e disparates da Constituição de 1988.

Como cidadão, tem todo o direito de fazê-lo, mesmo porque não foi o precursor destes posicionamentos, pois muitos constitucionalistas já declararam o mesmo. Para não falar da aberração de que a mesma Carta Magna, foi manchada pelo fato declarado pelo ex-Ministro da Justiça, ex-Presidente do STF e ex-Ministro da Defesa, Nelson Jobim, de que teria contrabandeado dois artigos para a Carta de 88, que não foram apreciados e votados. Não se sabe se Jobim, notório prima-dona, denunciou o fato por problemas de consciência ou inconfessáveis motivos. O fato é que, em nenhum momento, ninguém se prestou a questionar a validade e legalidade da Constituição.

Santa Rosa, independente de nunca ter sido panfletário, defensor de Intervenção Militar, adepto de ditaduras, tem o Direito de manifestar-
se. Seu texto é um exemplo de ponderabilidade, lucidez e honestidade intelectual, coisa rara em seus detratores. Apontando, com seriedade, e desassombro as mazelas que nos acometem, alerta para um point of no return, no intento da reflexão coletiva, na correção de rota, no afã de evitar colisão entre as distintas correntes ideológicas, buscando poupar a Nação de sofrimento, num compromisso alicerçado em valores cultivados em anos de caserna.

O General nunca ocupou cargo político, participou de conselho de estatais, nunca teve seu nome ligado a grupos empresariais; escrutinado com uma lupa maldosa nos governos petistas pela Receita Federal, teve seu nihil obstat.

Foi demitido de seu cargo no Ministério da Defesa, pela dupla Lula/Jobim, com a desculpa de sua postura diante da excrescência da COMISSÃO DA VERDADE, definida pelo bravo general de “Comissão da Calúnia”.

Existem outras condicionantes, talvez, preponderantes: Santa Rosa, posicionou-se firmemente contra a ação insidiosa das Ongs na Amazônia. Como nacionalista convicto e cioso de nossa Soberania e interesses pátrios, denunciou esta Quinta Coluna operando em nosso território no interesse do Ambientalismo e Globalismo.

Pois bem, cinco meses após a publicação do texto do general, um blog destes teúdo e manteúdo pelo PT e o jornaleco “Causa Operária” operado pelo PCO, abordam o texto, no intento de rotulá-lo de apologia à Intervenção Militar. Mais ainda, buscam dar a conotação de que tal fato seria avalizado pelo Exército.

Esta conduta covarde e indecente, vem corroborar o diagnóstico do lúcido autor. Vivenciamos um período de ESQUIZOFRENIA SOCIAL.

Onde e quando os extremos tentam nos levar ao confronto intestino, trazendo mais sofrimento a este povo tão massacrado pelos resultados de governos corruptos e incompetentes.

Quanto à postura dos detratores do General, vale o dito:

“ AO IGNORANTE, ABORRECE O ENTENDIDO “

• JC Berka é Coach em Segurança & Inteligência e autor do livro
EXECUTIVOS, POLÍTICOS & BANDIDOS

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